Órgão: Consultoria Tributária da Sefaz de São Paulo.
Disponibilizado no site da SEFAZ em 19/05/2020
ICMS - Exclusão retroativa do Simples Nacional - Procedimentos.
I - A Portaria CAT-32/2010 dispõe acerca da exclusão do Simples Nacional e do impedimento de recolher o ICMS na forma prevista nesse regime.
1. A Consulente tem como atividade principal o comércio varejista de móveis (CNAE 47.54-7/01).
2. Informa que realizou uma transformação registral, alterando o seu tipo societário de EIRELI para Sociedade Empresária Limitada. Com esse evento, houve a inclusão de sócios que já participam com mais de 10% (dez por cento) do capital social de outra sociedade empresária, não beneficiada pela Lei Complementar (LC) nº 123/2006, tendo por consequência a ultrapassagem do limite de R$ 4.800.000,00 da receita bruta global.
3. Em atenção ao artigo 30 da LC nº 123/2006, a Consulente comunicou essa mudança no Portal do Simples Nacional em 27/01/2020, resultando na sua exclusão do Simples Nacional, com efeito retroativo a 1º/01/2020. Contudo, até a data da exclusão, ela emitiu aproximadamente 500 documentos fiscais (NF-e, mod. 55, e NFC-e, mod. 65).
4. Diante desse cenário, indaga:
4.1 Qual seria o procedimento para cálculo, escrituração e apuração do ICMS destes documentos fiscais já emitidos no período em que ainda estava enquadrada no Simples Nacional?
4.2 É possível a emissão de apenas um documento fiscal que englobe o montante da diferença de ICMS a ser recolhida?
4.3 Qual o procedimento a ser adotado em relação às obrigações acessórias do aduzido período, mais especificamente com relação à Guia de Informação e Apuração do ICMS (GIA) e ao SPED Fiscal EFD-ICMS e IPI?
5. No âmbito do Estado de São Paulo, a Portaria CAT-32/2010, abaixo transcrita, estabelece as regras aplicáveis quando da exclusão do Simples Nacional e no caso de haver impedimento de recolher o ICMS na forma nesse regime.
"CAPÍTULO I
DA EXCLUSÃO DE OFÍCIO
Artigo 1º - A microempresa (ME) ou empresa de pequeno porte (EPP) será excluída de ofício do Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte - Simples Nacional nas hipóteses previstas na Resolução 94, de 29-11-2011, do Comitê Gestor do Simples Nacional. (Redação dada ao "caput" do artigo pela Portaria CAT-03/18, de 24-01-2018; DOE 25-01-2018)
Parágrafo único - Constatada a ocorrência de hipótese de exclusão de ofício, será emitido Termo de Registro de Exclusão do Simples Nacional, em 3 (três) vias, que conterá, dentre outras informações:
1 - os motivos da exclusão e seus respectivos fundamentos, nos termos previstos na legislação;
2 - a data de início dos efeitos da exclusão;
3 - a identificação do Agente Fiscal de Rendas responsável pelo procedimento;
4 - campo destinado à ciência da exclusão pelo representante legal da ME ou EPP.
Art. 2º - A microempresa (ME) ou empresa de pequeno porte (EPP) será cientificada de sua exclusão do Simples Nacional por um dos seguintes meios, a critério da Secretaria da Fazenda:
I - entrega pessoal do Termo de Registro de Exclusão do Simples Nacional por Agente Fiscal de Rendas, mediante ciência do representante legal da ME ou EPP;
II - notificação nos termos do artigo 535 do Regulamento do ICMS, aprovado pelo Decreto 45.490, de 30 de novembro de 2000;
III - comunicação emitida eletronicamente pela Secretaria da Fazenda para ambiente que garanta integridade e autenticidade de acesso pela ME ou EPP e que esteja disponível na internet, segundo disciplina específica;
IV - tratando-se de procedimento de exclusão em lote: publicação de edital de exclusão no Diário Oficial do Estado, com indicação do número do CNPJ da ME ou EPP, e concomitante divulgação, em ambiente eletrônico no sítio da Secretaria da Fazenda, de consulta ao teor do respectivo Termo de Registro de Exclusão do Simples Nacional.
Parágrafo único - Nas hipóteses de cientificação referidas nos incisos II a IV, ficam dispensadas as informações previstas nos itens 3 e 4 do parágrafo único do artigo 1º.
Art. 3º - A microempresa (ME) ou empresa de pequeno porte (EPP) para a qual tenha sido emitido o Termo de Registro de Exclusão do Simples Nacional poderá apresentar impugnação do procedimento no posto fiscal de sua vinculação, no prazo de 30 (trinta) dias contados da data da respectiva cientificação.
§ 1º - A impugnação da exclusão deverá conter:
1 - a identificação da ME ou EPP, a qualificação do representante legal signatário da impugnação e, se for o caso, do procurador devidamente habilitado;
2 - cópia do Termo de Registro de Exclusão do Simples Nacional;
3 - os argumentos de fato e de direito.
§ 2º - Não serão apreciadas as impugnações apresentadas fora do prazo previsto no caput deste artigo.
Art. 4º - Caberá ao Chefe do Posto Fiscal de vinculação da microempresa (ME) ou empresa de pequeno porte (EPP) a decisão da impugnação da exclusão.
Art. 5º - da decisão do Chefe do Posto Fiscal desfavorável à microempresa (ME) ou empresa de pequeno porte (EPP) caberá recurso, uma única vez, ao Delegado Regional Tributário, no prazo de 30 (trinta) dias contados da notificação da decisão recorrida.
Art. 6º - A exclusão de ofício da microempresa (ME) ou empresa de pequeno porte (EPP) do Simples Nacional:
I - será efetuada após:
a) o decurso do prazo para a apresentação da impugnação, na hipótese de esta não ser apresentada;
b) a decisão definitiva da autoridade administrativa, desfavorável à ME ou EPP;
II - produzirá efeitos a partir da data indicada no artigo 76 da Resolução 94, de 29-11-2011, do Comitê Gestor do Simples Nacional, conforme a hipótese de exclusão; (Redação dada ao inciso pela Portaria CAT-03/18, de 24-01-2018; DOE 25-01-2018)
Art. 7º - A microempresa (ME) ou empresa de pequeno porte (EPP) excluída do Simples Nacional:
I - ficará sujeita, a partir da data de início dos efeitos da exclusão, ao Regime Periódico de Apuração do ICMS - RPA, devendo cumprir as obrigações principal e acessórias previstas na legislação para os contribuintes enquadrados nesse regime;
II - poderá creditar-se, quando admitido pela legislação, do valor do ICMS relativo às mercadorias existentes em estoque no dia imediatamente anterior ao da exclusão do Simples Nacional.
Parágrafo único - para fins do disposto no inciso II, deverá ser observado o seguinte:
1 - o direito ao crédito fica condicionado ao levantamento do estoque de mercadorias existente na referida data, mediante escrituração do livro Registro de Inventário, modelo 7, na forma do artigo 221 do Regulamento do ICMS;
2 - o valor do crédito do ICMS será:
a) indicado na coluna "Observações" do livro Registro de Inventário, e deverá ser apurado com base nos documentos fiscais relativos às entradas mais recentes das mercadorias existentes em estoque, mediante a elaboração de demonstrativo que identifique os correspondentes documentos fiscais e o valor do imposto a ser creditado, o qual deverá ser conservado pelo prazo previsto na legislação;
b) lançado no Livro Registro de Apuração do ICMS e transcrito na correspondente Guia de Informação e Apuração do ICMS - GIA, no quadro "Crédito do Imposto - Outros Créditos", com a expressão "Exclusão do Simples Nacional, art. 63, IX, do RICMS", no mês de início dos efeitos da exclusão.
Art. 8º - na hipótese de a exclusão do Simples Nacional ocorrer com efeitos retroativos, a microempresa (ME) ou empresa de pequeno porte (EPP) deverá, sem prejuízo do disposto no inciso II e parágrafo único do artigo 7º:
I - recompor a escrituração fiscal a partir da data de início dos efeitos da exclusão;
II - recolher o ICMS devido, apurado conforme o Regime Periódico de Apuração - RPA, com os acréscimos previstos na legislação, se for o caso;
III - cumprir as obrigações acessórias relativas ao ICMS, conforme previsto na legislação.
Parágrafo único - o disposto neste artigo não se aplica ao contribuinte que esteja sob ação fiscal, hipótese em que as obrigações a serem observadas serão determinadas pela fiscalização.
Art. 9º - O valor do ICMS relativo a período posterior à data de início dos efeitos da exclusão do Simples Nacional, que tiver sido pago por meio de Documento de Arrecadação do Simples Nacional - DAS, poderá ser creditado, sem nenhum acréscimo, mediante lançamento no Livro Registro de Apuração do ICMS e transcrito na correspondente Guia de Informação e Apuração do ICMS - GIA, no quadro "Crédito do Imposto - Outros Créditos", no mês do pagamento do DAS.
CAPÍTULO II (Redação dada ao capítulo pela Portaria CAT-03/18, de 24-01-2018; DOE 25-01-2018)
DO IMPEDIMENTO DE RECOLHER O ICMS NA FORMA PREVISTA NO SIMPLES NACIONAL E DA EXCLUSÃO POR OPÇÃO DO CONTRIBUINTE
Artigo 10 - Ao impedimento de recolher o ICMS na forma prevista no Simples Nacional, bem como à exclusão do referido regime por opção do contribuinte, previstos, respectivamente, nos artigos 12 e 73 da Resolução 94, de 29-11-2011, do Comitê Gestor do Simples Nacional, aplica-se, no que couber, o disposto nos artigos 7º ao 9º desta portaria, sem prejuízo da observância das demais disposições da aludida resolução, em especial o disposto na alínea "a" do inciso I do § 5º do artigo 61-A e § 4º do artigo 61-B, que tratam da exigência de prestação de dados por meio de escrituração fiscal digital.
(...)"
6. Observe-se que os artigos 1 a 9 disciplinam a Exclusão de Ofício, ao passo que o artigo 10 trata do impedimento de recolhimento do imposto na forma prevista no Simples Nacional, bem como da exclusão do regime por opção do contribuinte, situações em que aplica-se, no que couber, o disposto nos artigos 7 ao 9.
7. Verifica-se, portanto, que os artigos 7º a 9º trazem a disciplina específica a ser aplicada na hipótese de exclusão de contribuinte do Simples Nacional, recomendando-se à Consulente especial atenção na sua leitura, cabendo destacar o disposto no artigo 8º, que trata especificamente da hipótese de exclusão do Simples Nacional com efeitos retroativos, hipótese sob análise.
8. Por fim, quanto às dúvidas de caráter técnico-operacional, de natureza procedimental, apresentadas nos subitens 4.1 a 4.3, a Consulente poderá buscar orientação junto ao Posto Fiscal ao qual se vinculam suas atividades, uma vez que a Subcoordenadoria de Fiscalização, Cobrança, Arrecadação, Inteligência de Dados e Atendimento é o órgão competente para tratar de questões de natureza operacional, referentes ao cumprimento de obrigações tributárias, principal ou acessórias, nos termos do Decreto nº 64.152/2019.
Nota:
A Resposta à Consulta Tributária aproveita ao consulente nos termos da legislação vigente. Deve-se atentar para eventuais alterações da legislação tributária.
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